Ora, ora, faz um looooooongo período que não faço nenhum review sobre anime, mangá ou qualquer coisa do gênero - apesar de ser exatamente isso que escrevo sempre: animes e mangás, com poucas variações em jogos de portáteis.
Eis que para me redimi surgiu a espontânea ideia de escrever sobre uma das primeiras animações do Estúdio Ghibli que me fora apresentado a não muito tempo atrás. Ocorre que na época do icônico Viajem de Chihiro, eu quando criança, não me senti muito atraído por aquele formato de animação que, apesar de belíssimo e merecer outros tantos superlativos, me parecia estranho. Quando digo estranho não leve para o lado negativo da coisa, contudo diferente. Mais ou menos a mesma coisa senti ao assistir aos 9 anos de idade Castelo Animado. Minha cabeça infantil não conseguiu processar aquela obra psicodélica que se desenrolava no aparelho de DVD.
Então o parágrafo anterior foi uma justificativa pelo fato de anos depois (uma década cerrada, assisti Ocean Waves aos 19 anos) decidi dar uma segunda chance à animações do Estúdio Ghibli.
Para muitos que conhecem Umi ga Kikeoru, podem me achar louco por ter assistido Viajem de Chihiro e Castelo Mágico, premiados em todos os lugares do mundo e aclamados pela crítica especializada e não ter criado nenhuma simpatia por estes já consagrados clássicos, mas com esse título que (espero parar de enrolar e em algumas poucas linhas iniciar de fato a resenha) ninguém conhece por não ter sido distribuído no Brasil e ter feito pouco ou mesmo nenhum sucesso em terras nipônicas e Europa, fora justamente esse média metragem que me interessou no final das contas?
Explicarei o porquê agora.
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...e foi assim que começou... |
A maioria dos produtos do Estúdio Ghibli tem uma forte carga de fantasia. Isso todos nós sabemos. Ocean Waves trás uma história simples sobre o relacionamento entre dois jovens do ensino médio, Taku Morisaki e Rikaku Muto. A 'narrativa' dos fatos se dá com as memórias de Taku na sua época de estudante, na cidadezinha de Kouchi, de modo que nos são apresentadas as lembranças mais e menos importantes no decorrer do filme, sem que no princípio você se dê conta disso.
Em poucas palavras, é assim que defino Umi ga Kikoeru.
Nada parece se destacar no desenrolar da história. A trilha sonora é simples (só simples) e o orçamento para a animação parecia estar apertado ou é o que se percebe quando comparado Ocean Waves com Porco Rosso...
Mas apesar de tudo isso, temos aqui o retrato fiel de como as coisas realmente são.
Deixe-me explicar. Umi ga Kikoeru trás por meio das lembranças do Taku Morisaki anos após de graduado do ensino médio, o seu passado simples de garoto no interior que conhece Rikaku Muto recém transferida de Tokyo e que por um motivo banal (essa garota pede dinheiro emprestado a ele) eles começam a se relacionar - e por relacionamento não entenda exclusivamente como 'amoroso', e nesse desenrolar, o pessoal da classe dos dois começam a comentar sobre o 'namoro' dos dois, causando mal estar nos protagonistas da história e levando-os a romper aquilo que nunca existiu.
Entendem o que isso significa? Trata-se, ao meu ver, de um dos 'Slice of Life' mais fiéis que jamais vi. As memórias do protagonista Taku Morisaki poderiam ser de qualquer um. São retratos dos primeiros arrependimentos de uma pessoa ainda em crescimento físico e emocional. Lembranças do que foi e do que poderia ser. Morisaki estava parado numa plataforma de trem e ao reconhecer do outro lado da plataforma a sua colega de classe temos um gatilho que dispara na mente do rapaz fazendo com que rememore tudo o que passou até aquele momento.
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Por que um anime que não trata sobre oceano, surf, pesca ou nada do gênero teve o título de 'Ondas do Oceano'?
Ora, é muito simples, o título faz referência aos sentimentos dos adolescentes, em constante mudança como as ondas do oceano.
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No final do filme, quando cessam os 'flashbacks', podemos ver todos os colegas de escola dos protagonistas na reunião de turma conversando exatamente sobre isso, do que foi e do que poderia ter sido, fica claro do motivo que me fez assistir até o final: a história é boa.
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Apesar de não ter uma carga emocional forte, Umi ga Kikoeru está cercado de pequenos momentos marcantes |
Apesar das falhas que vão se tornando mais claras e aparentes depois de assistir algumas vezes e ler as críticas sobre Ocean Waves, a história tem muitos dramas reais. Atualmente, quando assisto/leio algum Slice of Life percebo que variam entre comédia e drama, mas aqui temos apenas um drama palpável, até mesmo sensível.
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Espero que depois desse texto você assista, pois quero saber sua opinião sobre o filme |
...Sim, fui bem menos claro do que achei que realmente seria, se bem que cumpri com o prometido (nunca fiz promessa nenhuma a ninguém, diga-se de passagem) de jamais revelar spoilers. Mesmo que um e outro passe, as principais surpresas de Ocean Waves permanecem inéditas aos que só leram o presente texto.
De qualquer modo, indico que assista ao filme.
Sinceramente, não é o melhor filme do Estúdio Ghibli, mas é certamente um dos mais diferentes que eles já produziram e talvez só por isso já vale dar uma conferida.
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Clovis de Castro fez a resenha e tomou um momento de profunda reflexão depois de ter assistido Ocean Wave.